sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

OLHA A GRIPE AÍ GENTE


Cozinha Neológica do Chef Eros – A Mistura Caótica dos Elementos
Prato 3: ALFANDUÍCHE FEBRÍFUGA TROPIQUINOA
Come on? Pra comer com a mão. Ambas as duas mões. Se você é muçulmano, nem vai ligar pra sujeira. Abri uma Baden Baden Red Ale e me arrependi no primeiro gole. Amarga como Campari com Novalgina. O ALFACE fará o papel de pão. Abra um, regue AZEITE. Vá empilhando REPOLHO, CEBOLA, CARAMBOLA (ou teinha, como diz a Sofia) e QUINOA (nativa da Colômbia e tendo a Bolívia como maior produtora, mas não dá nenhum barato). Aliás, a quinoa é bem cara, ainda mais agora, na moda. É um dos alimentos mais completos que existem. Faça uma regressão e pergunte a algum Inca. Regue VINAGRE. Agora TOMATE em rodelas, senão, sua besta, não irá conseguir abrir a boca e abocanhar..
Quem fala muito dá bom dia pra cavalo. A imprensa chama Cesare Batistti de terrorista, por conta de assassinatos a ele atribuídos, numa época em que o governo italiano empregava tribunais de exceção (matava primeiro depois julgava). Um tal de Pietro Mutti fez uma delação premiada de Battisti, por vingança, pois quando eram companheiros de militância, o chamado terrorista teria se recusado a participar de ações armadas. Battisti foi julgado à revelia, ou seja, não compareceu no julgamento e foi considerado culpado. Fugiu para a França, trabalhou como zelador e virou escritor de romances policiais. Os dois lados devem ser observados, sempre. Aqui Lampião e Lamarca são heróis. E terrorismo é outra coisa.
A tunagem fica por conta da ALFAVACA, PIMENTA DEDO-DE-MOÇA e GENGIBRE. A Alfavaca é pra você que tem má digestão, flatulência, vômitos, intestino zuado, afecções bucais, queda de cabelo, febre e tuberculose. Resumindo, pra você que tá lascado nessa vida. A dedada da moça ajuda a emagrecer, reduz a enxaqueca, a dor de cabeça, é anticancerígena, antinflamatória, antioxidante, anticorinthiana, antifrescurite e antiga.
Obama tem uma velha estratégia do Tio Sam na agulha para engessar a CHINA. Se aliará à Rússia e espalhará o sedutor cheiro do desenvolvimento mcdoniano, algo por lá travado. Alguém se lembra o que aconteceu na Guerra Fria? Exatamente o contrário. Aliança com a China para enfraquecer a URSS. É a dança do americano doido com arma na mão em frente uma escola.
Regue SHOYU. Já me desarrependi da Baden Baden. Acho que ela abriu o apetite. Além de ser bem forte. Feche a tampa com... com... isso: outro ALFACE. Pra comer é um trampo danado. Escorre azeite pelos dedos, cai shoyu na roupa, o repolho foge. Porém você se diverte e fica sastifazido. E só comeu coisa boa.
A União da Ilha da Magia, escola de samba de Florianópolis, cantará a beleza e a exemplar história da ditadura cubana, que matou milhares de pessoas. No Rio, São Clemente e Portela cantarão ineditamente as belezas naturais da cidade maravilhosa. Tijuca mostrará ao mundo as incríveis histórias dos filmes de terror. Porto da Pedra homenageará a importante diretora teatral Maria Clara Machado. Está faltando tema? Dou uma sugestão: Guerra do Pau de Colher, uma batalha ocorrida no Nordeste que nossos professores de história nunca contaram. E vou comer minha salada tropical, porque estou com medo da gripe fútil que chega com o Carnaval. Pode me dar febre.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Ateu bagarai.

Seu Dema tem alguns defeitos. Seu Dema é ateu. Ateu com cruz de ponta cabeça maiúscula. De dar raiva. De passar vergonha. Mas já superei essa parte e hoje só me divirto. E aprendo.

Um dia, empolgado, falei a Seu Dema: “a fé é a certeza daquilo que esperamos e a prova das coisas que não vemos" (Hebreus 11.1).  Seu Dema finalizou o assunto com: “É uma enganação ou não é?”. Silenciei.

Seu Dema é ateu. E deixou de freqüentar a casa de um amigo, pois esse educava o filho com socos na cara.

Um dia, pedi a seu Dema uma arma de brinquedo, que atirava flechas que grudavam na parede. Seu Dema foi categórico: arma não.

Dada época, Seu Dema foi corretor de imóveis. Estudou, se preparou e foi pro mercado. Desistiu. Alegou que, no ramo, se decepcionou, pois companheiros de trabalho se traíam. Todo dia.

Das poucas vezes que o vi chorar, Seu Dema contou um causo que, quando criança, na roça, um cachorro moribundo, prestes a morrer apareceu. Cuidaram e recuperaram o bichinho e após um tempo, a família, precisando mudar para a cidade, deixou o bicho, que acompanhou o caminhão por 30 minutos, até desistir.

Seu Dema me bateu. Um único dia. O motivo foi banal. Eu não ligo. Tenho certeza que ele nem lembra. A surra também foi banal. Não doeu na carne e nem na alma. Acho que foi um dia que Seu Dema, o ateu, não tava legal.

Uma vez, o presidente da FIAT falou para todo mundo que o FIAT 147 era revolucionário. Seu Dema, ateu demais, num encontro casual com esse cara, horas depois, não resistiu: “Você está enganando quem?”

Numa das primeiras reuniões do PT, anos 80, Seu Dema estava lá. Na segunda que ele foi, questionou, argumentou e mostrou a cara. Na terceira, foi expulso. Seu Dema, o ateu, já tomou pinga com Lula.

Não consigo assistir TV com Seu Dema, o ateu. A cada desgraça, a cada safado criminoso, a cada terrorista, a cada descaso, ele repetidamente pergunta: Cadê Deus? Deus não gosta dos iraquianos inocentes? Nem dos infelizes haitianos? Deus abandonou Serra Leoa? Irrita bagarai seus comentários.

O ateu Seu Dema gosta do livro de Richard Dawkins, “Deus: um Delírio”, e todos de Saramago, obviamente. E conhece Strauss e João Bosco melhor que muitos críticos de música.

A maior decepção de Seu Dema, que é ateu, foi quando a mãe dele não deixou que a família dele morasse nos fundos da casa dela. Mas ele nunca impediu a família de ir visitá-la. E foi no enterro dela. E chorou.

Não sou ateu.

Seu Dema é ateu?



Salmão que ninguém nunca viu.

 Cozinha Neológica do Chef Eros – A Mistura Caótica dos Elementos Essenciais
Prato 2:  SALMALFAVACUNIUS ASPARGOSPOULOS

Baseado e embolado em uma receita grega. Afinal... sou grego bagarai.

Lesgou. O salmão tem gosto suave ou nenhum. É caro. Deve ser pelas propriedades milagrosas ou pela dificuldade em pescá-lo. Ou alguém está nos enganando.

Exatamente como faz a Bayer, Shell Química, Monsanto, Basf, Syngenta, Du Pont, que, enganando, são responsáveis por ingerirmos 6 litros ou mais de veneno por ano, pulverizando nossa agricultura com produtos proibidos até nos países de origem dos mesmos. A ANVISA tentou proibi-los, mas um juiz liberou. Queria muito saber o nome dele...

Abri uma Baden Baden Golden, de trigo, incrivelmente saborosa para companhia. 500 g de SALMÃO.
Ou 300g, que foi o que meu dinheiro deu. SAINT PETER pode substituir. Tem nome chique, mais sabor e é mais barato. Temperei com LIMÃO, ALFAVACA (é um manjericão tunado) e SAL (esse cara faz mal, não coloquei, a Raquel sentiu falta no final, então... recomendo, com moderação) e PIMENTA DO REI (tem gente que fala assim). Deixei hibernando 34 minutos.

Dormindo feliz estão os ex-governadores, na maioria. E faz tempo. Recebem uma aposentadoria vitalícia de 10 mil (no mínimo), por terem trabalhado pesado por 8, 4 ou menos anos. Tem um em Mato Grosso que trabalhou 10 dias e ainda recebe. Pedro Simon deu uma entrevista interessante e misteriosa sobre o assunto. A OAB está tentando nos acordar. Temos que acompanhar, com sono ou não.

Petisquei tecos de pepino que a Sofia ofereceu e fui pro molho. Refoguei AZEITE (alguém me indica um bom, pois o Don Antonio é fraco), ALHO, CEBOLA (da minha sogra), PIMENTÃO e 7 talos de ASPARGO picotados (haja paciência). Sobre o aspargo: ele é bom para a Raquel engravidar. E mijar. Liguei o forno... mentira, a Raquel ligou o forno e coloquei o SALMÃO, porém antes tirei as folhinhas de alfavaca. Comi algumas e foi uma combinação inesperada e original com goles da Baden Baden, garanto.

Exatamente como foi a performance de Telma Scherer, jovem escritora, na Feira do Livro, em novembro de 2010, em Porto Alegre. Após cometer o absurdo de não usar a violência, não xingar ninguém e instigar o público, delicada e inofensivamente, a entender a dificuldade do escritor nacional em ter espaço, ela foi levada de camburão. Estou escrevendo um livro e fiquei preocupado...

Petisquei meio Sonho de Valsa que a Sofia ofereceu, matei a Baden Baden (tenho um post na agulha sobre o que colocam na nossa cerveja) e fui mexendo o molho, esperando o aspargo se derreter por mim. Lá pelos 22 do segundo tempo, veio o TOQUE ÉLFICO: refinando o molho... queijo ralado no ato.

E pelo ato do Movimento Passe Livre, que em 13 de janeiro desse ano, se manifestou contra o aumento de passagem de ônibus, e na Av. Ipiranga tomou porrada da puliça, e... NINGUÉM MOSTROU, fica minha solidariedade e minha atenção aos próximos atos. Fala a verdade, você não sabia disso...

Aos 29 do segundo, com um a menos, petisquei três quartos de mexerica que a Sofia ofereceu (isso é verdade, não é recurso/apelo falso) e acrescentei CREME-DE-LEITE. Ele mesmo. O calórico. Aliás, a diferença entre creme de leite e leite moça é a mesma entre manjericão e manjerona. O químico que inventou isso deve ter acrescentado ou tirado 5% de alguma coisa, aí chamou correndo o povo do marketing... Tirei o Salmão a tempo, graças a Raquel, e desliguei o molho. Pronto.

O primeiro comentário será da Raquel, confirmando que estava divino. Se falar outra coisa, eu deleto. O blog é meu mesmo. E em casa o bicho pega.

Peguei uma receita grega e, com humildade, transformei e deu certo. É o que falta aos políticos: HUMILDADE, PODER DE TRANSFORMAÇÃO e SUCESSO. Isso ninguém nunca viu.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

ESTROGONOZES DE CHAMPIGMARÃO

Cozinha Neológica do Chef Eros – A Mistura Caótica dos Elementos Essenciais
Prato 1: ESTROGONOZES DE CHAMPIGMARÃO

Não sou fã de camarão, até como. E raramente como estrogonofe. Então decidi dar uma chance a ambos e deixá-los interessantes. Ou não. Sem mostarda. Sem ketchup. Sem batata palha. Senão seria ESTROGOSÓDIO. Ah... e sem sal. Os ingredientes já tem o que você precisa e o sal é um dos maiores vilões da saúde.
Falando em maiores, não entendi ainda porque estão chamando a tragédia no Rio de “a maior do Brasil”. Houve uma em 1967, na Serra das Araras, Piraí, também no Rio, pior. Foram cerca de 1.400 mortos. Há relatos de sobreviventes e fotos. Enfim, só um detalhe que descobri em meio à enxurrada de informações e à pressa na procura de culpados.
Vamos começar. Abri uma Eisenbahn Weizenbier para fazer companhia, peguei 500g de CAMARÃO, temperei com LIMÃO e PIMENTA, reservei. Refoguei AZEITE, ALHO, CEBOLA e GENGIBRE. Eu exagero no gengibre, é vício. Só um pouco também vale a pena, o gosto final não se altera e você ganhou muito. Pra quem já foi panacéia, o gengibre tem muito a nos contar. Hora de por a estrela: o CAMARÃO. E dois TOMATES. Ah... coloquei três, sou homem. Para garantir a fartura de licopeno, MOLHO DE TOMATE também ajuda.
Vou ajudar o povo no Rio. Enviarei donativos através da LBV. Diante das dificuldades, somos todos iguais. Quase todos. Tem gente que foi presa roubando donativos. Tem gente exagerando nos preços da água, gás. Tem gente que, na guerra do Ibope, insiste em mostrar os personagens do dia, com suas desgraças pessoais e close nas lágrimas. A seguir cenas dos próximos coitados... isso cansa.
Abri outra Eisenbahn Weizenbier. É hora do coadjuvante, não menos importante, o CHAMPIGNON. Apesar de terem gosto de água com ar, são nutritivos, mas não exagere. Tem muito carboidrato. Como já estamos na segunda cerveja, já deu.
Quem não deu nenhum centavo dos seus salários para ajudar foram os políticos. Não que eu saiba. Como eles gostam de aparecer, se algum doar, vai querer dar coletiva, conclamar seus eleitores, pedir mais verba, criar uma comissão ou secretaria, chorar, contar do seu passado difícil de filho de político...
Vai misturando e provando. Acredite, você saberá quando estiver bom, afinal, o paladar é seu. Desligue. O “toque élfico” vai por conta do caldo para acrescentar ao molho, preparado com MARGARINA e CURRY. Curcumina é o principal ingrediente do mix de especiarias chamado curry. Ajuda a proteger o cérebro do Alzheimer, entre outras coisas. Eu já disse isso? Não me lembro...
Ninguém lembra que o recém criado Sistema Nacional de Prevenção de Desastres já estava criado há 5 anos, com outro nome. Nem que a grana para Prefeituras, nas tragédias de Santa Catarina (2008), Alagoas e Pernambuco (2010), por conta da burocracia, não chegou. A “fortuna” do FGTS que cada um receberá para reconstruir a vida foi liberada. Mas calma lá, tira a mão daí! Para que pressa. Vai demorar um pouco. É torcer para que os donativos durem e continuem chegando.
Por último, CREME-DE-LEITE light ou REQUEIJÃO light. Como ambos tem gosto de água com ar light, a quantidade vai de cada um. Só afetará a espessura. Sirva com arroz. Arroz não tem gosto de nada mesmo, nem de ar, nem de água. Então prefira o integral, é mais saudável. Salpique NOZES trituradas, em substituição a batata palha. O que falar das nozes? Coma nozes e não fique doente. Apesar de muito calóricas (não exagere), acredite, elas ajudam a emagrecer, não é invenção.
Inventei, me diverti e deixei para trás o estrogonofe comum. De comum, já estou empanturrado das mesmas notícias, inventadas ou não.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Discovery Kids

- Papai, quando eu puder casar, vou poder ter dois maridos?
- Claro que não Sofia.
- Por que não?
- Primeiro por que a lei não deixa. E depois, é contra nossos costumes.
- Como assim, papai?
- No nosso país, é proibido por lei ter dois maridos, ou duas esposas. E se alguém fizer isso, pode ser preso de dois a seis anos.
- Nossa! E se ninguém souber?
- Hum... bom, aí corre-se o risco. Mas é difícil isso acontecer.
- Mas acontece?
- Acontece filha, acho que sim.
- Papai, e matar alguém? Pode?
- Lógico que não, Sofia.
- Mas e se ninguém souber?
- É meio difícil isso acontecer...
- Mas acontece né?
- Sim acontece, filha.
- Papai, transexual faz sexo?
- Claro filha.
- Como assim?
- Olha, quando uma pessoa... mas... por que.... Sofia! Coloca no Discovery Kids agora!

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Alencar está bem: morreu.

Trabalhei por cinco anos num lugar que era vizinho do Hospital do Câncer, na Aclimação, São Paulo. Frequentemente, tomava café e almoçava numa lanchonete em frente ao hospital. O lugar era muito bom, por isso lotava, e eu sempre reparava nos freqüentadores.  Pois bem, foi nesse lugar que aprendi a olhar o câncer com o devido respeito.
Diariamente eu me deparava com pessoas com a doença, com explícitos sinais da quimioterapia. E também com seus acompanhantes, pais, mães, filhos, netos, amigos. Muitos vindos do interior em Kombis, e vans, da Prefeitura ou não. O semblante de todos, doentes e acompanhantes, é algo que comove, impressiona e nos faz exercitar a humildade e a bondade. Aquele olhar de quem está pensando em outra coisa e não no que está comendo. Aquele olhar distante, sereno, por vezes triste, por vezes esperançoso. Um sorriso forçado escapa. Uma cabeça baixa. Dividi balcão, mesa e filas com essas pessoas, e para mim era sempre uma experiência nova e rica. Por conta disso, passei a ajudar financeiramente algumas entidades, não só de câncer, mas de AIDS, orfanatos e asilos. Bem menos do que gostaria. O ponto onde quero chegar é que essa realidade que me foi apresentada me despertou para fazer algo útil, mínimo que seja.
José Alencar aparece em TV, rádio, internet e livraria como herói. Um lutador. Obviamente, sua luta e vontade comovem. Mas sua história não.
Fico indignado com tanto destaque para um cara que não fez nada de notável nesse País. Foi um empresário bem sucedido e rico. Só isso. Tão rico que pode pagar do próprio bolso sua conta no hospital, rejeitando o dinheiro da União. O nosso dinheiro. Se ajudou alguém? Acredito que sim. É o mínimo que se espera de alguém com privilegiada condição financeira.
E o mais podre é o tipo de jornalismo inútil, que não desperta nada nas pessoas além de dó. A mídia raramente faz uma reportagem sobre pessoas comuns, na maioria, sem condições, que lutam contra o câncer. Não só os doentes. Os parentes, amigos, médicos, Ongs, voluntários. E são muitos. Esses sim são os heróis. Não esse cara.
A morte lhe cairia muito bem.