Sociedade da Busca da Obra Sonora Perfeita
Tentativa 1: Imagens e Palavras – Teatro do Sonho
PUXE-ME PARA BAIXO. Introdução pura, simples e conquistadora. Quem a conhece a ama. O ápice está aos 6m38s, na transição final de volta à música, quando Marco explica que bateria não é coadjuvante. Tive que ver duas vezes isso, ao lado dele, no Aramaçan, para acreditar. É verdade.
OUTRO DIA. O desafio é não gostar da melodia. Fácil é o sax. Cereja no boldo. Quem não gosta vomita. Aos 2m35s, Jaime arrebenta e arrebata. Se aqui, o Jaime te agrada (algo bem difícil), o resto está garantido. Solo chorável do João Italiano.
APROVEITE O TEMPO. Intro que ninguém faz. Letra perfeita. Para acordar às cinco da matina airguitarrando. Refrão monstro e raro. Toda ela te convida e te seduz ao desconhecido. A previsibilidade passou seis anos luz longe. Solo de tecla do Kevin insuperável. Encontre tudo aquilo que você precisa na sua mente, se você aproveitar o tempo, diz o Jaime.
ENVOLVIDO. Deixe-a te envolver, como a letra diz. É como um livro bom. Rápido e bom. É como um minuto de Chaplin. Cinco de Marilyn. O arranjo, a construção, a acentuação da bateria com a melodia são inéditos para os mais desavisados, há quase vinte anos. Mas tem que ouvir até o final.
METRÓPOLE. Letra misteriosa. Bateria é Godzilla invadindo a cidade. 5m38s e João Chinês se apresenta. E desafia o Kevin a fazer melhor, na seqüência. Quando achamos que a música morreu, aos 8m06 ela se reinventa. Tchaikowisky na veia. E nos dedos. Eterno. O amor é a dança da eternidade.
SOB UMA LUA DE CRISTAL. Sincronismo e dissonância comandam. Se João Bosco ouvir, entra em depressão. É o cartão de visita escrito: “Berkeley cria monstros. Bons monstros”. E tem também: como fazer um solo, limitado pela proposta, não ser chato e repetitivo.
ESPERE PARA DORMIR. Distoa, dá sono e não acrescenta nada, numa análise apressada. Mas é, na verdade, intro para a seguinte. A letra, a suavidade da voz e o pianinho, principalmente, conduzem ao final de tudo, pedindo para você esperar.
APRENDENDO A VIVER. O modo como o seu coração bate faz toda a diferença, canta Jaime. A influência da música oriental contamina todos os instrumentos. Mas aos 5m36s, João Italiano revela sua mente e sua mão latinas. Quando nos fazem lembrar da música anterior, tudo se encaixa. E o arranjo de João Italiano nos conduz suados e felizes ao final. Esperando para dormir e aprendendo a viver.
O IMPERFEITO RELATÓRIO DA IMPERFEIÇÃO:
Jaime incomoda com os agudos. Perfeitos. Mas irritantes. E palavras que agridem os ouvidos (não a mente) criam imagens ruidosas imperfeitas. Foi o caso.
Passou perto. Próxima.